As províncias de Cabo Delgado e Nampula, no norte de Moçambique, estão a enfrentar uma dura realidade no mercado de trabalho, com milhares de pessoas a perderem os seus empregos. As manifestações que ocorreram após as eleições são consideradas um dos principais factores por detrás deste aumento do desemprego, levando ao fecho de várias empresas numa altura em que o custo de vida está em ascensão.
De acordo com informações reveladas pelas organizações sindicais locais, muitas companhias foram obrigadas a encerrar, deixando os trabalhadores em situação de vulnerabilidade. Em Cabo Delgado, o secretário provincial da OTM – Central Sindical, Manuel André, mencionou que 17 centros de trabalho fecharam nos últimos doze meses, afectando 345 trabalhadores. Os sectores mais envolvidos foram a construção civil, a indústria e o comércio.
Os despedimentos sem justa causa e os baixos salários são uma realidade que Manuel André lamenta, principalmente num cenário de preços elevados. Já em Nampula, o sindicalista Taquia Mário Taquia destacou que 9.750 pessoas perderam o emprego com o fecho e vandalização de cerca de 600 empresas no mesmo período.
Taquia expressou esperança no Fundo de Recuperação Económica, recentemente introduzido pelo Presidente da República, Daniel Chapo, na província. Acredita que este fundo possa reanimar as empresas encerradas, mas sublinha que uma distribuição justa dos recursos é essencial para o êxito dessa iniciativa.
Além das dificuldades provocadas pelo custo de vida, a OTM – Central Sindical de Nampula critica a falta de compromisso de algumas empresas para com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), tendo resultado em 153 queixas registadas no Centro Provincial de Mediação de Conflitos Laborais de Nampula. Destas queixas, 28 resultaram em consensos, enquanto outras continuam sem solução. Segundo o portal cartamz, essa situação traz um obstáculo adicional à já fragilizada paisagem laboral na região.