A Organização dos Trabalhadores de Moçambique – Central Sindical (OTM-CS) destacou recentemente uma discrepância chocante entre o custo da cesta básica e o salário mínimo médio no país. Conforme os cálculos, para sustentar um agregado familiar de cinco pessoas em 2023, é necessário um valor mínimo de 42.999,00 meticais. Porém, a realidade salarial mostra-se bastante diferente, com o salário médio em torno de 9.261,00 meticais. No sector das pescas, que apresenta os menores vencimentos, os trabalhadores recebem 4.942,00 meticais, enquanto no sector financeiro, os salários atingem 17.881,00 meticais.
A OTM-CS apela aos empregadores que não sofreram perdas durante as manifestações para que considerem a possibilidade de negociar melhorias salariais e nas condições de trabalho dos seus funcionários. No entanto, devido à crise pós-eleitoral e outras ocorrências, o Dia do Trabalhador deste ano passa-se sem qualquer reajuste dos salários mínimos nacionais, dado que o processo foi adiado para o segundo semestre. Neste período, a esperança recai sobre o sucesso das medidas económicas implementadas para catalisar a recuperação financeira.
Outra questão que gera apreensão entre os sindicalistas é a ausência de mecanismos regulares para a revisão das pensões de reforma do sector privado, que são da responsabilidade do INSS. Além disso, a criação de espaços de diálogo social encontra barreiras, especialmente em empresas com capital estrangeiro.
Relativamente ao IVA, a retirada do imposto sobre produtos alimentares de primeira necessidade ainda não trouxe o alívio esperado para os consumidores, com os preços a permanecerem elevadamente proibitivos. Para agravar a situação, a corrupção nos órgãos estatais continua a assombrar o país, com um registo de mais de 300 casos apenas no primeiro trimestre deste ano. Segundo o portal cartamz, este fenómeno é um motivo de preocupação crescente.