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Economia Real ou Ideal

O cenário econômico global e os desafios enfrentados por Moçambique no setor agrícola e de logística apresentam-se de forma intrigante quando observados através das lentes da economia real, baseada nos preceitos de Adam Smith. Este filósofo e economista, amplamente reconhecido como o pai da economia moderna, sublinhou em sua obra seminal, “A Riqueza das Nações” de 1775, que os verdadeiros pilares da geração de riqueza são o trabalho, a produção agrícola e a cadeia logística, uma visão que permanece relevante nos dias de hoje.

A essência da economia, conforme Smith articulava, reside na oferta e demanda, com as necessidades humanas primordiais girando em torno de alimentos, habitação e vestuário, às quais se acrescenta atualmente a mobilidade. Segundo ele, nenhum país pode almejar o desenvolvimento sustentável ao contrair dívidas apenas para financiar gastos correntes; em vez disso, os empréstimos devem ser direcionados à geração de riqueza.

Naturalmente, a importância de áreas não-comerciais como educação, saúde e segurança não pode ser subestimada, pois estes são os alicerces do desenvolvimento de qualquer nação. No entanto, tais setores exigem pesados investimentos, frequentemente consumindo mais de 50% do orçamento estatal. Em resposta, os governos precisam desenvolver políticas fiscais eficazes que equilibrem receitas e despesas, com a base tributária proveniente majoritariamente do setor produtivo.

Dados recentes indicam que a agricultura é responsável por gerar 10% do PIB mundial, enquanto em Moçambique esse percentual se eleva a 24%. A especialização e divisão do trabalho, conceitos também defendidos por Adam Smith, podem alavancar substancialmente a produtividade e a produção laboral. “Segundo o portal CARTA DE MOÇAMBIQUE…”, a integração de uma cadeia logística eficiente poderia aumentar significativamente essa contribuição, adicionando cerca de 7 bilhões de dólares à produção existente.

Em Moçambique, a agricultura já representa uma fatia de 24% do PIB, algo próximo a 5 bilhões de dólares. Contudo, metade dessa potencial riqueza se perde devido à falta de uma infraestrutura logística robusta. Ao reforçar essa cadeia, não apenas seriam recuperados esses valores, mas também se viabilizaria uma expansão agroindustrial, gerando um incremento adicional que poderia elevar a participação no PIB para aproximadamente 36%.

A ausência de doações ou financiamentos externos com impacto comparável evidencia a necessidade de um enfoque interno, baseado em trabalho duro e aproveitamento de oportunidades locais. Frente a esse panorama, os princípios econômicos de Adam Smith, trazidos ao contexto moderno, ainda oferecem uma bússola valiosa para direcionar políticas e investimentos.

A jornada para um impulso econômico passa, inevitavelmente, por investimento em logística e agroindústria. Uma infraestrutura adequada não só garantiria o escoamento eficiente da produção primária, mas também agregaria valor incomensurável ao incluir a população agricultora nos lucros, afastando-a do limiar da pobreza.

Como enfatiza a sabedoria popular: adquire conhecimento, levanta cedo e colhe os frutos do trabalho. A luta continua!