Mais de 6 Mil Reservas Canceladas e Quase 1500 Desempregados em Gaza: Turismo à Beira do Colapso
A indústria turística em Gaza enfrenta tempos sombrios, com operadores de Bilene e Xai-Xai à beira da falência após o cancelamento de seis mil reservas. A crise que assola o setor é, em grande parte, uma consequência direta dos recentes distúrbios pós-eleitorais que despencaram os índices de ocupação de hospedagens de 80% para meros 15%. “O País” revelou que oito empreendimentos turísticos fecharam definitivamente, resultando em cerca de 1500 trabalhadores desempregados.
Os empresários do setor, que já estavam sob pressão financeira, apostaram na oportunidade da Páscoa para reverter suas finanças, mas viram suas esperanças frustradas. Emmanuel Marcos, um hoteleiro da região, desabafou sobre a situação crítica, mencionando empresas fechadas e dívidas acumuladas em todos os setores. “Nós queríamos atingir 100% de ocupação como nos anos anteriores, mas acabamos afundados em dívidas, sem meios de saldar compromissos com funcionários e impostos”, lamentou Marcos.
Eleutério Valério, outro gestor de hotel em Bilene, relatou que o foco da administração passou a ser a gestão de custos em vez da operação normal do negócio. “A melhor solução, se fosse simples, seria encerrar o estabelecimento”, confidenciou.
Similarmente, Felismina Ngoenha, que anteriormente faturava 700 mil meticais por semana, hoje mal consegue arrecadar 20 mil. Diante desse cenário, ela foi forçada a demitir seus empregados e voltar ao seu antigo ponto no mercado central. “Por causa das manifestações, não conseguimos nem fazer 20 mil semanais. Já não tinha como pagar os funcionários”, explicou, enfatizando sua determinação em não depender de terceiros.
Os protestos não são o único problema: aumentos nos preços dos alimentos e uma crise no fornecimento de combustível têm encarecido ainda mais as operações. “Sem combustível, os turistas não conseguem se divertir usando carros, barcos ou motos”, enfatizou Manuel Marcos.
A crise não se limita a Bilene. Em Xai-Xai, Manuela Mendes, veterana com 18 anos de experiência no setor, descreve este período como o pior de sua carreira, administrando atualmente com apenas seis funcionários fixos para tentar manter as portas abertas.
Essas dificuldades resultaram no cancelamento de 6 mil reservas, afetando mais de 60 operadores turísticos e obrigando alguns a fecharem definitivamente. Raúl Momade, administrador de Bilene, reconhece que a situação prejudica seriamente os operadores e afeta também a arrecadação municipal, lamentando a perda de mais de 1500 postos de trabalho.
Operadores turísticos em Gaza estão pedindo ajuda ao governo, solicitando linhas de crédito com juros reduzidos como forma de salvar o setor e iniciar uma recuperação econômica.
